Pelo noticiário da TV você fica sabendo que a Bolsa de Valores de São Paulo fechou em queda de três pontos porque a Bolsa de Chiawg-Xui quebrou…
Surge na tela um comentarista que anuncia com dom profético: “a crise financeira chegará ao Brasil em maio de 2012, com sérias repercussões…”.
Na cama, antes de dormir, você fica imaginando como dirá à família que aquela esperada viagem nas férias foi cancelada. Afinal, se a crise se aproxima, é melhor fazer alguma economia!
Mesmo sem saber se a queda em três pontos na BOVESPA é algo importante; sem nunca ter ouvido falar sobre existência de Chiawg-Xui e desconfiar das informações daquele comentarista, você vai cancelar a viagem!
Assim somos nós: “do nada” formamos crenças e vivemos em função disso. Crença é uma condição psicológica onde acreditamos que uma situação é verdadeira, a despeito de não conhecermos sua procedência e não termos possibilidade de checar a sua veracidade. E o que é mais importante: você NÃO admite que a sua crença POSSA ser falsa e vive em função dela.
“Do nada” você acredita que é gorda, feia, burra e que nunca vai ser feliz…
“Do nada” você não consegue admitir que é a causadora de toda a sua própria infelicidade…
“Do nada” você tem certeza de que somente poderá ser feliz se encontrar alguém que a faça feliz….
Tais crenças surgem porque alguém te chamou de gorda ou de burra, e porque todos dizem que para ser feliz, tem de casar…
Você sequer consegue admitir que está repetindo a vida dos seus pais.
Sabe aquela pessoa que sempre encontra o companheiro errado? Aquele injustiçado que sempre é despedido porque o chefe o persegue? Aquele concurseiro que sempre tem “branco” na hora da prova?
Todos nós repetimos modelos que se transformam em crenças. Fazemos sem saber o porquê e nem percebemos que o fazemos. Os modelos formam as crenças, que formam os modelos, num movimento sem fim.
Tais crenças definem o modo como percebemos o mundo. Nossa compreensão, aceitação ou rejeição dos valores que dominam a sociedade é baseada nessas crenças e nesses modelos, que nos são impostos e que muitas vezes nos causam sofrimento.
Sempre que sentimos algum desprazer, arquivamos essa sensação no inconsciente. Aquela sensação se transforma numa energia que se soma a outras, tomando novas formas, que passam a ser a fonte das nossas crenças. Essa é a origem dos medos e preconceitos.
Freud revolucionou a sociedade ao afirmar que o homem é movido pelo inconsciente, que armazena o conjunto de fatos e processos psíquicos que dão origem às crenças e modelos.
Romper com crenças e modelos requer técnicas que permitem a análise e interpretação de atos injustificados, de impulsos e dos sonhos.
Este o propósito da psicanálise: conhecer os processos psíquicos inconscientes para desmistificá-los, livrando-o de crenças e modelos indesejáveis.
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