Por Centro Psicanalise Freud em 20/04/2022
O que você quer?

É grande o número de pessoas que procuram psicanalistas sem saber exatamente por que. Questionados sobre o que os afligem, reportam “angústia, tristeza, melancolia, frustração, solidão, insatisfação”, enfim, um grande vazio interior.

Essas queixas são muito comuns e refletem infelicidade e a busca de uma motivação para a vida, o encontro de um grande amor. Essas vidas são cheias de limitações e muitos tentam preencher esse vazio com drogas, bebidas, jogos, compulsões para comprar, comer ou trabalhando em excesso.

Tentando tapar esse buraco fazem parte de comunidades e redes sociais, onde tem dezenas de amigos… todos virtuais; freqüentam a nigth e… ficam; saem em baladas fervilhando de gente, mas… não sabem o nome de ninguém, e quando desligam o computador e se deitam, caem na real, na solidão e na falta…

Tal situação decorre dos valores impostos pela nossa cultura, que nos afastam cada vez mais de nós mesmos. A falta de reflexão sobre isso nos faz agir como rebanho. Somos obrigados a acreditar que temos que TER, que somente seremos felizes se encontrarmos um grande amor, se casarmos, tivermos filhos, uma casa própria, um carro novo, etc. E como TODOS fazem isso, EU também tenho que fazer.

É o chamado “efeito rebanho ou efeito manada”. Pior ainda nos sentimos quando um pequeno grupo que domina a mídia e suas técnicas nos impõe algo não gostamos ou que nos é indiferente. A todo o momento somos bombardeados com informações que TEMOS que assimilar e transformar em REGRA DE CONDUTA, sendo exemplo a máxima “amar ao próximo como a si mesmo”. Tal regra cultural nos impõe que devemos “amar o outro”, como sendo um dever. É como ter obrigação de entregar ao Outro algo que não é dele, é amar por obrigação, implicando mesmo em sofrer por quem não nos ama.

Na concepção de Freud, amar é algo muito valioso que não deve ser praticado sem reflexão. Segundo Freud o OUTRO DEVE merecer o nosso amor. Amar deve ser um ato de realização pessoal e não uma satisfação à sociedade. Por que manter ou iniciar um relacionamento se não há amor? A Cultura misturou amor, casamento e sexo como se fossem fatos impossíveis de acontecer individualmente; coisas que só podem acontecer se estiverem juntas e misturadas: todo amor implica em casamento e sexo só se houver amor!

Mas a TV mostra o contrário a todo o momento. E o que é o pior: nas classes abastadas tudo pode e é permitido, mas para os pobrezinhos, todo sexo termina em gravidez e eles se casam no final da novela…

Toda essa dialética causa culpa e frustração. Casos emblemáticos são os da viúva que não quer casar novamente, mas sentindo necessidade de sexo, não se permite este prazer porque o que diriam os outros!? É o do homoafetivo que não pode exercer sua opção sexual! É o do sujeito independente, que gosta de viver sozinho, mas sente necessidade de se apresentar acompanhado porque senão, será “acusado” de homoafetivo…Todas essas questões causam uma silenciosa perturbação que se transforma em sintomas indesejáveis.

Você não consegue viver fora da sociedade, mas não precisa ser massacrado pela cultura. Viva o presente; ame quem mereça ser amado; tenha o que precisar, sem comprar o desnecessário; coma e beba o suficiente para matar a fome e a sede; realize os desejos e prazeres que não causem prejuízos a você e aos que lhe cercam, enfim, antes de amar ao próximo, ame a si mesmo e assuma o comando da sua vida.

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