Por Centro Psicanalise Freud em 20/04/2022
Por que sou assim ?

Freud fez várias descobertas que causaram polêmicas, sendo a teoria sobre o inconsciente uma das mais famosas e a base da Psicanálise. Ele confirmou que muitos dos nossos atos não são intencionais, racionais ou conscientes. Muitas das nossas ações são impulsos irracionais, que se originam no inconsciente que nos domina e controla. Esta descoberta tornou-se conhecida como Teoria do Inconsciente, que explica que a maioria dos nossos conflitos psíquicos tem origem no inconsciente que se forma na infância.

Nos primeiros anos de vida não temos capacidade racional ou psíquica para lidar com emoções e sequer sabemos distinguir os sentimentos. Uma criança que por instantes perde de vista os pais, no meio de uma multidão, se sente abandonada e registra um profundo sentimento de terror; outra, chamada de burra na frente de toda a turma, experimenta o sentimento de humilhação e tem vontade de morrer. Por não ter recursos de qualquer espécie para lidar com essas emoções, a criança “os esquece”. Tais emoções são tamponadas no inconsciente, escondendo aquele incomodo para que tudo continue “normal”. Mas essas emoções continuam vivas, pulsando no inconsciente. E elas vão se amoldando umas a outras. Aquele “burra” da infância se soma ao outro “burra” do patrão e o resultado pode ser uma pessoa insegura, incapaz de tomar atitudes, com medo de errar, para não ouvir novamente “sua burra!”.

Essas emoções gravadas no inconsciente acabam comandando nossa vida e os nossos pensamentos. Elas podem se expressar de uma forma tranqüila ou violenta. Aquela pessoa que tem medo de errar pode escolher uma atividade que desempenhe sozinha, sem possibilidade de ser avaliada, ou, pode se tornar um perfeccionista, ou, ser do tipo que sempre adia as decisões. Além disso, tais emoções sempre acompanham a pessoa, de forma disfarçada, nos sonhos e na vida real, dando margem a inquietações. É a criança aterrorizada que se transforma em adulto violento; a insegura de ontem, em mentirosa hoje; a frustrada em prepotente.

O que somos hoje é fruto do passado e o passado pode não ser lembrado, mas está gravado no inconsciente. E isto é totalmente “normal”, faz parte da constituição do “ser” humano.

A coisa só se complica quando o “baú fica abarrotado”. É como um armário completamente cheio, onde guardar um simples lenço é impossível. Imagine se tiver que guardar um edredom!

Os psicanalistas utilizam muito a figura do iceberg: o que se sente e vê é somente a ponta de uma montanha de gelo. A doença – que para a Psicanálise é “sintoma” (falta de ar, taquicardia, medo, placas pelo corpo, etc) é somente a ação do inconsciente atuando no corpo. Claro que há casos em que realmente é uma “doença”, mas, de forma muito interessante, a pessoa sabe que “aquilo é psicológico”.

Freud teve um caso interessante que ilustra como funciona o inconsciente: filha única, muito apegada ao pai, cuidava da perna dele, que tinha uma incurável ferida. Passava os dias em casa, fazendo companhia ao pai, que mantinha sua perna necrosada sobre suas pernas, como forma de aliviar a dor. A mãe, preocupada com a filha, insistia que ela saísse e se divertisse. Certo dia a filha saiu com o namorado e passou um dia muito feliz. Ao voltar para casa, teve a notícia da morte do pai. Ficou muito chocada e com remorso, sentindo-se culpada, por não estar presente no momento da morte. O namorado, abalado, terminou a relação. Meses depois a filha, começou a sentir fortes dores na perna, que a impossibilitavam de ficar em pé. Feitos os exames convencionais, nada foi descoberto. Iniciado o tratamento com Freud, veio a tona o sentimento de culpa; o peso da perna do pai sobre a sua própria perna e a revolta com o namorado, pelo término da relação. Entendida a questão, elaborada a energia, a moça seguiu sua vida. Simples, assim…

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