Por Centro Psicanalise Freud em 20/04/2022
Saia do buraco

A história, o comportamento, as ações e reações sempre se repetem: mergulhamos de cabeça, sabendo que o rio é fundo e a correnteza forte… para depois chorar e se desesperar. Juramos que nunca mais iremos fazer aquilo, mas depois de um tempo, um simples telefonema, um e-mail ou um “copo” a mais e mergulhamos novamente num rio igualzinho… às vezes, no mesmo.

Quem já não passou por isso? Mas, vivendo e aprendendo, não é mesmo? O problema é que não aprendemos! E por que não aprendemos? Por que insistimos, se já sabemos que vai dar errado? Por que reagimos sempre de forma contrária ao que o nosso racional deseja? Por que somos capazes de viver anos seguidos em relações doentias, sempre na esperança de que um dia será diferente, sabendo que a felicidade nunca irá acontecer?

Porque queremos encontrar no outro o sentimento que não temos! Somos condicionados a sempre mendigar de alguém o que deveríamos ter em nosso poder. Pedimos perdão a Deus, em vez de pedir a quem ofendemos; suplicamos o amor do outro porque não nos amamos; em vez de nos valorizarmos, enchemos a bola de quem está ao nosso lado; basta o companheiro fazer “biquinho” que nos descabelamos, nos achamos feios, queremos morrer…

Só há duas coisas na vida que em nenhuma hipótese, ninguém consegue tirar da gente: o conhecimento e o amor-próprio.

Esse tipo de amor é difícil de ser cultivado porque nos ensinam que aquele que tem amor-próprio é vaidoso, narcisista, auto-suficiente, “besta” e prepotente, dentre outras coisas ruins. Para não sermos julgados assim, depositamos no outro esse amor, e quando esse outro vai embora, leva consigo o que lhe demos, e ai, o sentimento de perda é monstruoso e nos sentimos dentro do buraco.

Resgatar esse amor requer deixar de lado o medo de ser sozinho e a culpa pelo término da relação. O medo e a culpa são fantasmas que assustam e nos deixam paralisados. Esses sentimentos negativos ficam cada vez mais fortes a cada perda e produzem a falsa certeza de que não somos bons o suficiente para sermos amados.

Para sair do buraco, a primeira atitude é eliminar essa falsa certeza. Se você está nessa situação não necessariamente há de fato algum problema com você. Talvez a outra pessoa não soubesse lhe dar o valor que você tem. Você também deve considerar que se no passado já vivenciou situações semelhantes, certamente irá procurar pessoas parecidas, pois é mais fácil lidar com o que já conhecemos. Tecnicamente falando, temos a tendência para repetir modelos, pois mesmo sendo desagradável, já sabemos lidar com ele.

Ninguém consegue viver um grande amor sem realizar mudanças em sua maneira de pensar e agir. Príncipes e reinos encantados só existem no imaginário. Somos seres humanos com defeitos que precisam ser compreendidos, o que requer paciência e habilidade.

Você precisa perceber que o outro é igualzinho a você: também tem defeitos e também está procurando um príncipe. Compreender isso é fundamental para quem quer viver um grande amor. Certamente o outro vai pisar na bola e você só continuará a amá-lo se tiver amor para dar e você só pode dar o que tem. Cultivando seu amor-próprio, receberá de volta o sentimento que transmitiu.

Para conseguir isso, elimine os sentimentos de rejeição, aumente sua confiança pessoal e perceberá que o amor é possível de ser vivido.

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